sábado, 14 de junho de 2008

O que pode haver de misterioso num armário? Imagine.


Mistério preso no armário



O que será que tem dentro
do armário do meu tio?


Será que tem caramelo
ou caixa de chocolate?


Ser á que tem passarinho
girando e cantarolando
numa caixinha de música?


Será que é um canário?


Puxa, será que o meu tinho
guarda dentro desse armário
um fantasma ou lobisomem?


Será que é um tesouro
segredo, brinquedo velho
de quando meu tio ainda
não tinha virado homem?


Será que tem um mistério
preso dentro desse armário?



Sônia Junqueira

José Paulo Paes transformou em poema a fábula A CIGARRA E A FORMIGA, e revelou que de alguma maneira todos são úteis.


Sem barra


Enquanto a formiga
carrega comida
para o formigueiro,
a cigarra canta,
canta o dia inteiro.


A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.


Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai da fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga!


José Paulo Paes

Ja sentiu o cheirinho de pão assando, ou comeu pão quentinho? É uma delícia! Que tal aprender a receita de um pão?


Receita de Pão


É coisa muito antiga
o ofício do pão
primeiro misture o fermento
com água morna e açúcar
e deixe crescer ao sol


depois numa vasilha
derrame a farinha e o sal
óleo de girassol manjericão


adicionado o fermento
vá dando o ponto com calma
água morna e farinha


mas o pão tem seus mistérios
na sua feitura há que entrar
um pouco da alma do que é etéreo


então estique a massa
enrole numa trança
e deixe que descanse
que o tempo faça a sua dança


asse em forno forte
até que o perfume do pão
se espalhe pela casa e pela vida

Roseana Murray

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Conheça Saltelo, um sapinho trapalhão e bagunceiro.

Um sapinh levado da breca

Saltarelo é saliente,
são sossega um segundo,
salta pra trás e pra frente
e também numa perna só,
dá piruetas no ar,
não se cansa de saltar.


Inventa um salto esquisito
na frente da televisão,
bem na hora da novela,
só pra chamar atenção.

Saltarelo não tem jeito,
na cozinha foi eleito
o campeão da bagunça!
Derruba o pote de açúcar,
mistura a farinha no sal,
se mete a fazer mingau!

A mãe Saponilda dá pito!
Já disse e agora repito:
cozinha não é lugar
de sapinho sapeca!


Mas não se emenda o sapeca,
nasceu levado da breca,
é difícil consertar.


Hugo Ribeiro de Almeida

As bailarinas parecem dançar no ar, como plumas ao vento, leves e delicadas...


A bailarina


A bailarina,

como frágil lamparina,
como pequeno colar,
faz do ar sua casa,
sua estrada pontilhada
de água.

Entre uma estrela e outra
a bailarina descansa.
Ali onde os humanos não podem ir,
só os loucos, os loucos
e os que sabem que com um desejo
se constrói um planeta.


Roseana Murray

Pelo que você chora? Já viu alguém chorar por uma flor? Neste texto há alguém que chora por uma flor de maracujá.


Canção da indiazinha


Na, na,
mas por que chora essa menina?
Pela flor de maracujá.

Mas, se eu lhe der uma conchinha,
a menina se calará?
Aána, aáni na na

Na, na
se eu lhe der a asa da andorinha
a cantiga do sabiá?
Aána, aáni na na

Na, na
nada disse: que esta menina
quer a flor de maracujá.

A flor abriu-se lá em cima
Sua mão não alcançará.

Na, na
E ela a quer apanhar sozinha!
E chora que chora a menina
pela flor de maracujá.
Na, na.

Cecília Meireles