domingo, 10 de agosto de 2008

Será que é sempre fácil dizer não? Vamos ver...


Quem tem medo de dizer não?

A gente vive aprendendo
A ser bonzinho, legal,
A dizer sim pra tudo,
A ser sempre cordial...

Acontece todo dia,
Pois eu mesma não escapo.
De tanto ser boazinha
Tô sempre engolindo sapo...

Comi fígado e espinafre,
De medo de dizer não,
Qualquer dia, sem querer,
Vou ter que comer sabão!

A gente promete tudo...
Com vergonha de negar.
Mas já sabe não que lembra
E as coisas vão piorar.

A gente sempre demora
A entender cada questão
Às vezes, custa um bocado
Dizer simplesmente NÃO!

Quero saber dizer NÃO
Acho que é bom para mim.
Mas não quero ser do contra...
Também quero dizer SIM!



Ruth Rocha

sábado, 5 de julho de 2008

Se não fosse o trabalho desse profissional, provavelemtne muita gente andaria de pés descalços ou com o dedão de fora...


O sapateiro


Sapatos de todos os tipos,
empiulhados, usados, manchados,
na oficina do sapateiro.


Quantas calçadas andaram
esses sapatos,
quantas festas, quantos rumos,
e, sobretudo,
quantas encruzilhadas?


Indiferente a tantas histórias,
o sapateiro martela, cola,
bate sola o dia inteiro.


Então, cansado, fecha a porta
da oficina, atravessa a rua,
e vai para a casa com o sapato furado,
que santo de casa não faz milagre.

Roseana Murray

Quantas bolhas!!! Qual delas você prefere?


Bolhas

Olha a bolha d'água
no galho!
Olha o orvalho!

Olha a bolha de vinho
na rolha
olha a bolha!

Olha a bolha na mão
que trabalha!

Olha a bolha de sabão
na ponta da palha:
brilha, espelha.
Olha a bolha!

Olha a bolha
que molha
a mão do menino:

a bolha da chuva na calha!





Cecília Meireles

sábado, 14 de junho de 2008

O que pode haver de misterioso num armário? Imagine.


Mistério preso no armário



O que será que tem dentro
do armário do meu tio?


Será que tem caramelo
ou caixa de chocolate?


Ser á que tem passarinho
girando e cantarolando
numa caixinha de música?


Será que é um canário?


Puxa, será que o meu tinho
guarda dentro desse armário
um fantasma ou lobisomem?


Será que é um tesouro
segredo, brinquedo velho
de quando meu tio ainda
não tinha virado homem?


Será que tem um mistério
preso dentro desse armário?



Sônia Junqueira

José Paulo Paes transformou em poema a fábula A CIGARRA E A FORMIGA, e revelou que de alguma maneira todos são úteis.


Sem barra


Enquanto a formiga
carrega comida
para o formigueiro,
a cigarra canta,
canta o dia inteiro.


A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.


Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai da fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga!


José Paulo Paes

Ja sentiu o cheirinho de pão assando, ou comeu pão quentinho? É uma delícia! Que tal aprender a receita de um pão?


Receita de Pão


É coisa muito antiga
o ofício do pão
primeiro misture o fermento
com água morna e açúcar
e deixe crescer ao sol


depois numa vasilha
derrame a farinha e o sal
óleo de girassol manjericão


adicionado o fermento
vá dando o ponto com calma
água morna e farinha


mas o pão tem seus mistérios
na sua feitura há que entrar
um pouco da alma do que é etéreo


então estique a massa
enrole numa trança
e deixe que descanse
que o tempo faça a sua dança


asse em forno forte
até que o perfume do pão
se espalhe pela casa e pela vida

Roseana Murray

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Conheça Saltelo, um sapinho trapalhão e bagunceiro.

Um sapinh levado da breca

Saltarelo é saliente,
são sossega um segundo,
salta pra trás e pra frente
e também numa perna só,
dá piruetas no ar,
não se cansa de saltar.


Inventa um salto esquisito
na frente da televisão,
bem na hora da novela,
só pra chamar atenção.

Saltarelo não tem jeito,
na cozinha foi eleito
o campeão da bagunça!
Derruba o pote de açúcar,
mistura a farinha no sal,
se mete a fazer mingau!

A mãe Saponilda dá pito!
Já disse e agora repito:
cozinha não é lugar
de sapinho sapeca!


Mas não se emenda o sapeca,
nasceu levado da breca,
é difícil consertar.


Hugo Ribeiro de Almeida

As bailarinas parecem dançar no ar, como plumas ao vento, leves e delicadas...


A bailarina


A bailarina,

como frágil lamparina,
como pequeno colar,
faz do ar sua casa,
sua estrada pontilhada
de água.

Entre uma estrela e outra
a bailarina descansa.
Ali onde os humanos não podem ir,
só os loucos, os loucos
e os que sabem que com um desejo
se constrói um planeta.


Roseana Murray

Pelo que você chora? Já viu alguém chorar por uma flor? Neste texto há alguém que chora por uma flor de maracujá.


Canção da indiazinha


Na, na,
mas por que chora essa menina?
Pela flor de maracujá.

Mas, se eu lhe der uma conchinha,
a menina se calará?
Aána, aáni na na

Na, na
se eu lhe der a asa da andorinha
a cantiga do sabiá?
Aána, aáni na na

Na, na
nada disse: que esta menina
quer a flor de maracujá.

A flor abriu-se lá em cima
Sua mão não alcançará.

Na, na
E ela a quer apanhar sozinha!
E chora que chora a menina
pela flor de maracujá.
Na, na.

Cecília Meireles

sábado, 24 de maio de 2008

Do que você gosta de brincar? Já brincou com bolinhas de gude? Eu já! Se nunca brincou que tal aprender e começar? Junte seus amigos e brinque muito.


Bolinhas de gude



Brancas, verdes, rajadinhas,amarelas,
As bolinhas
Vão rolando
Vão dançando
Seja liso ou seja rude
O chão onde vão rolando,
lá vão elas, lá vão elas...
As bolinhas de gude.
Brincam os meninos com elas,
estão jogando
no jardim ou nas calçadas,
as bolinhas vão correndo,
azuis, pardas, amarelas,rajadinhas,
e tão vivas, ligeiras, tão alegres e
estouvadas,
que até fica parecendo
que são elas,
as bolinhas,
que com eles estão brincando.



Maria Eugênio Celso

Por muito tempo as cartas enviadas pelo correio foram o meio de comunicação mais usado. Você já recebeu uma carta pelo carteiro? Que tal mandar uma?


Os carteiros


Abrir uma carta,
o coração batendo,
é precioso ritual.
O que terá dentro?
Um convite, um aviso,
uma palavra de amor
que atravessou oceanos
para sussurrar em meu ouvido?


São como conchas as cartas,
guardam o barulho do mar,
o ar das montanhas.
Para mim os carteiros
são quase sagrados,
unicórnios ou magos
no meio dessa vida barulhenta.

Roseana Murray

Lagoa é uma porção de água cercada de terra. Quando a luz do sol ou o luar bate nas águas, provoca um estáculo de cores.


Lagoa



Eu não vi o mar.
Não sei se é bonito,

Não sei se ele é bravo,
O mar não me importa.

Eu vi a lagoa.
A lagoa, sim.
A lagoa é grande
e calma também.

Na chuva de cores
da tarde que explode
a lagoa brilha,
a lagoa se pinta
de todas as cores.

Eu não vi o mar.
Eu vi a lagoa...


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Você já foi a um espetáculo de circo? Do que mais gostou? E o que gostaria de conhecer depois que o espetáculo acabou?



Isso sim é que é vida boa

Eu queria ser de circo.
Ai, que vida original!
Trabalhar todas as noites,
divertindo o passoal.
Os aplausos da platéia,
toda aquela vibração,
sempre novas gargalhadas,
sempre mais animação!


Eu queria ser de circo,
conhecer os bastidores,
que a platéia nunca vê,
ver de perto os domadores,
dar comida ao chipanzé,
ver a cama do anão,
ver as focas amestradas,
ver a jaula do leão,
ver a cara do palhaço,
sem pintura e fantasia,
e ver se a mulher barbada
faz a barba todo dia.


Lá no circo, eu imagino,
mal termina a função,
os artistas vão comer,
sem pagar nenhum tostão,
a pipoca que quiseram,
quanto for que os contente,
um montão de algodão-doce,
guaraná e cachorro-quente.

Pedro Bandeira

As baléias são os maiores animais do Planeta Terra. Esses mamíferos muito caçados. O motivo é a sua carne e gordura.


As baleias

Queria poder entrar
numa baleia
poder ver o que tem dentro
de uma baleia
ver essa barriga
cheia
(de ar) de uma baleia

e depois poder voltar
para a areia
tomar sol, olhar o mar

e pensar: por que será
que a baleia
pode ser gorda e ninguém
diz que ela é feia?

O mar tem tudo o que eu quero:
ondas, espuma e, lá longe,
uma linha clamada horizonte
que nunca foge...


Renata Pallottini

Uma vassoura é uma ótima dançarina. Já pensou nisso?


Valsa da vassoura


Senhora Dona Vassoura
elegante Dama Louva
ao vê-la assim tão linda
minha tristeza se finda.

Vamos dançar uma valsa?
Pra poder acompanhá-la
este jovem se descalça
com medo de pisá-la.

Deixe enlaçar, dançarina
a sua cintura fina.
Deixa tomar, bem sensíveis
aos seus braços invisíveis.

Ao soar a melodia
surpresos todos verão:
rodopia, rodopia
um belo par no salão.


Dilan Camargo

Você já sujou a roupa com tinta. Veja como isso aconteceu com uma menina.



Tanta tinta


Ah! menina tonta,
toda suja de tinta
mal o sol desponta!

(Sentou-se na ponte,
muito desatenta...
E agora se espanta:
Quem é que a ponte pinta
com tanta tinta?...)

A ponte aponta
e se desaponta.
A tontinha tenta
limpar a tinta,
ponto por ponto
e pinta por pinta...

Ah! A menina tonta!
não viu a tinta da ponte!

Cecília Meireles

domingo, 27 de abril de 2008

Gatos são animais muito ágeis. Podem pular de uma altura sete vezes maior do que o seu tamanho. São ótimos caçadores, têm uma excelente visão notuna.


O gato


Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga.

Vinicius de Moraes

domingo, 20 de abril de 2008

Oceano cheio de peixinho e sereias. Sonhos e alegria. A poesia te leva pra qualquer lugar.


PONTO DE TECER POESIA (2)



Balanceia,
balanceia,
sereia
renda do mar.
Tua cauda é uma teia
onde os fios
das histórias
os sonhos
vão enfeitar.
Tua rede é o oceano
que balanceia
em sereia.
Um peixinho foi,
voltou,
depois disse para mim:
- A teia do mar imenso,
eu penso
não ter
um
fim.



Sylvia Orthof

Viaje pelo mundo encantado da imaginação. Você pode até conhecer um rato roedor de poesia, uma fada poetisa e uma estrela encantada. Duvida?


PONTO DE TECER POESIA (1)


Era uma vez um rato,
rato-ratinho-roedor,
que roeu toda a poesia
que uma fada fazia
em noite enluarada.
Pobre fada!
Aí, chegou Dona Estrela
e beliscou aquele rato
com uma ponta bem aguda,
da sua unha de estrela,
vermelha.
O rato gritou, sofrido.
A fada teve um desmaio.
A estrela foi pra China,
e da poesia
eu caio.
Sylvia Orthof

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Com um livro você pode viajar pelo mundo da imaginação, visitar lugares incríveis, conhecer pessoas e seres fantásticos, divertir-se a aprender muito.


18 DE ABRIL - DIA DO LIVRO


CAIXA MÁGICA DE SURPRESA


Um livro
é uma beleza,
é caixa mágica
só de surpresa.


Um livro
parece mudo,
mas nele a gente
descobre tudo.


Um livro
tem asas
longas e leves
que, de repente,
levam a gente
longe, longe.


Um livro
é parque de diversões
cheio de sonhos coloridos,
cheio de doces sortidos,
cheio de luzes e balões.


Um livro
é uma floresta
com folhas e flores
e bicos e cores.

É mesmo uma festa,
um baú de feiticeiro,
um navio pirata do mar,
um foguete perdido no ar,
é amigo e companheiro.


Elias José

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Para colher coisas boas é preciso plantar nos jardins dos corações: amor, paz, alegria, bondade, verdade e muita amizade. Regar e nunca deixar morrer.




SEMENTE DE ALEGRIA


Rega, rega, regador,
vá regar o meu jardim,
não se esqueça, por favor,
de regar meu alecrim.


Rega, rega, regador,
vá regar jasmim em flor,
rega a planta, rega o pé,
rega a mão de meu amor.


Rega hoje, regador,
amanhã, todos os dias,
a semente de uma flor,
que a gente chama alegria.

Antonieta Dias de Moraes



quarta-feira, 9 de abril de 2008

Você sabe o que é uma parêmia? Eis uma dica.



PARÊMIA DE CAVALO


Cavalo ruano corre todo ano
Cavalo baio mais veloz que um raio
Cavalo branco veja lá se é manco
Cavalo pedrês compro dois por mês
Cavalo rosilho quero como filho

Cavalo alazão a minha paixão
Cavalo inteiro amanse primeiro
Cavalo de sela mas não pra donzela
Cavalo preto chave de soneto
Cavalo de tiro não rincho, suspiro
Cavalo de circo não corre uma vírgura
Cavalo de raça rolo de fumaça
Cavalo de pobre é vintém de cobre
Cavalo baiano eu dou pra Fulano
Cavalo paulista não abaixa a crista
Cavalo mineiro dizem que é matreiro
Cavalo do Sul chispa no azul
Cavalo inglês fica pra outra vez.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 5 de abril de 2008

Em uma floresta há vida em toda parte. É uma festa de sons dia e noite. As florestas não dormem.


DIA DE FESTA


A floresta
acordada
pela madrugada
de um dia
de festa
abria
a saia rodada
e a madrugada
sorria
sorria à floresta
na madrugada
da festa.


A alegria
estava lá
a poesia
estava lá,
mas onde estava a alegria
mas onde estava a poesia
só sabia
o sabiá.


Só o sabiá
sabia
sabia
o que havia lá
- era um sábio o sabiá.


Dono
do dia
da festa
e dono
da madrugada
só por ele a floresta
desperta
do seu sono
abria
a saia rodada.


E tudo o que lá
havia,
e tudo que havia
lá,
que se chamasse alegria
que se chamasse poesia
só sabia
o sabiá.


Ouçam como ele assobia,
assobia
o sabiá.


Sidónio Muralha

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Lindas e coloridas, as borboletas embelezam os jardins.


As borboletas



Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas


Borboletas brancas
São alegres e francas.


Borboletas azuis
Gostam muito de luz.


As amarelinhas
São tão bonitinhas!


E as pretas, então...
Oh, que escuridão!
Vinicius de Moraes

Imagine se uma porta pudesse falar. O que ela diria?


A PORTA


Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.


Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.


Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa...)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.


Eu sou muito inteligente!


Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!


Vinicius de Moraes

Você divide os seus brinquedos? Veja o que aconteceu com uma boneca por causa da briga de duas meninas.


A BONECA


Deixando a bola e a peteca,
Com que ainda ha pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
As duas meninas brigavam.

Dizia a primeira: é minha!
É minha! A outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.

Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Ja tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.

Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.

E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca...

Olavo Bilac

Você gosta de gatinhos? Leia este texto e se encante com Setim.


SETIM

Eu tenho um gatinho
Chamado Setim.
É alegre, mansinho,
E gosta de mim.

Bem cedo na cama
Vai ele: "miau"!
E tanto me chama
Que até fica mau.

E inventa brinquedo,
E pula no chão,
Que eu fico com medo.
Não tenho razão?

Mas ele é mansinho,
Ferir-me não vai:
Se eu fosse um ratinho
Então ai, ai, ai.

Tem quatro patinhas
Com unhas assim:
Curvadas, fininhas,
São garras, enfim.

Mas nunca merece
Castigo, isso não.
Setim se aborrece
De bom coração.

Zelina Rolim